quarta-feira, 27 de maio de 2009

Maio das (des)aparições...

Antes que o hoje deixe de o ser e renasça na aurora de outro hoje, é tempo de fechar os olhos e olhar para dentro. De sentir intensa e profundamente o fogo que gela a alma para depois a elevar à troposfera do espírito, onde só chega a força da fé.
Hoje é o dia de querer viver no Maio que nunca mais chega mas que teima em não terminar. Maio das Aparições. A de Fátima também. Dos olhares que suplicam sepultura num estádio divino, das velas que iluminam as almas carentes de amor, do peso do corpo ardente em fé que o chão suporta. O céu enche-se de nuvens negras anunciando, ao que parece, a tempestade. Mas esta apenas acontece para que o contraste permita um esplendor inigualável sobre a azinheira da Cova da Iria.
Alguma semelhança com a realidade da vida dos mortais NÃO é pura coincidência.
Hoje é dia de apagar a luz e deixar que as estrelas das (des)aparições se revelem. Algumas pintam o escuro em sentido ascendente e brilham para ficar. Outras há, que voltam a ganhar brilho depois de um merecido e necessário sono de milhões de "hojes". E, por fim, a despedida da estrela cadente. Aquela que vomita toda a energia que se transforma no seu mais radioso grito de luz, anunciando a própria morte, antes de se perder no espaço. Talvez esta viva para sempre no reino dos cisnes.
Iluminam? Pois iluminam! Aparecem e desaparecem no breu da noite. Para alguns são fé, para outros amor. Para mim, simplesmente a razão pela qual sei sempre o caminho de volta a casa.
Adeus, Maria. Qualquer outro 'hoje' será Maio para sempre.

AP

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Acreditar é só o começo...


Hoje é o dia de acreditar. O sentido que este verbo encerra transporta-me à magia da pureza e da ingenuidade da infância. Contos de fadas, de príncipes e princesas, de "bruxas más" e "lobos maus" que existiram no sangue quente que correu nas veias de quem as criou. Figuras destas, simpáticas ou antipáticas, coloridas ou cinzentas, doces ou amargas poderiam ser o espelho de qualquer estrangeiro do mundo. Talvez este seja um bom motivo para acreditar e trazer à realidade a essência das personagens de ficção. Tinker Bell (ou Sininho), a fada travessa, mas fiel companheira de Peter Pan, morreria se uma quantidade suficiente de crianças não acreditasse na existência das fadas. O seu maior sonho era ter o tamanho de um ser humano para poder abraçar Peter Pan, com quem viva num verdadeiro conceito de platonismo. Nunca ninguém tinha ouvido a voz de Tinker Bell, apenas Peter Pan a podia ouvir. Irreverente, inquieta, impaciente, apaixonada e curiosa, esta era a Sininho da minha infância. No fantástico mundo do "Refúgio das Fadas", Sininho regressou e ganhou voz. E agora, deixada para trás a Terra do Nunca e a paixão por Peter Pan, ela começa a duvidar dos seus verdadeiros dons, pelo que decide alterar a sua genuína forma de ser, em busca da plenitude. Contudo, acaba por criar situações desastrosas que pintam de cores neutras toda a natureza que a envolve. A Primavera está prestes a não acontecer pela teimosia de Sininho em não respeitar o seu interior. Mas, com a ajuda das fadas do bosque, que nutrem a natureza e trazem à tona a mudança das estações, Sininho aprende que a chave para a solução dos seus problemas é, justamente, a sua habilidade e o seu valor. Aprende que, ao ser verdadeira e fiel consigo própria, coisas mágicas podem acontecer. É possível mudar as cores das folhas, mover um raio de sol para derreter o gelo, acordar a fauna do seu sono invernal e fazer a Primavera acontecer. Basta apenas acreditar e um sopro de pó mágico. E esta é a Sininho da minha vida!

AP

Ao Paulo Oliveira

domingo, 24 de maio de 2009

Thanks Walt!



Quando os valores são claros, as decisões são fáceis de tomar. Esta poderia ser a plataforma de todos os que sabem criar e construir. E também dos que não sabem, mas que terão O seu DIA de querer saber.

AP

A vocês: Pai e Mãe.

sábado, 23 de maio de 2009

Dia Zero

Seria, de certo, mais fiel à 'deontologia bloguista' (se é que existe) dar as boas vindas ao "Hojé é o DIA" com a minha assinatura. Mas hoje é o dia de dar 'voz' ao poeta que faz da sensação a realidade da vida e a base da arte. Ao homem a quem não basta a sensação das coisas como são, mas que procura sentir tudo de todas as formas. Ao cultor das sensações sem limite. Nego-lhe o privilégio em troca da minha honra.
Se pudesse, viajava HOJE até ao início do século XX para, com ele, partilhar todos os perfumes dos óleos e calores dos carvões, a estranheza e a perplexidade, e caminhava da partida do sonho à meta da realidade.

"Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." (Álvaro de Campos)


HOJE É O DIA! A todos os Álvaros de Campos desta vida que estão no DIA para SER e SENTIR.

AP

sexta-feira, 22 de maio de 2009

MAGNIFICAT

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será DIA !

Álvaro de Campos