terça-feira, 27 de outubro de 2009

Segredos de um 'fiel depositário'

Rasgas-me. Partes-me em mil sóis. É, de todas, a forma mais digna de me conheceres as cores do fundo e de fora. Em cada pedaço que cortas e abres encontras um novo tom: de um doce veneno, de um céu salgado ou de uma imensidão infinita. Que reconheces. Respiras-me em golfadas serenas e sorris como eu. Assim não corres o risco de teres dores no passado.
Eu sou vidro que corta e diamante que não fere. Transparente. Até mesmo à luz parda da melancolia. E quando as estrelas se vêm deitar, sou vaso de arco-íris e reflexo leal de todas as pedras preciosas. As que pesam, mas também as que elevam a alma porque se consegue ver através delas.
É sempre maravilhoso porque em cada rasgo só mora a verdade. Viajamos sempre neste caminho mágico em que nem precisámos de aprender. Aqui, não cabem juízes, crimes ou castigos. Não há espaço nem tempo para 'porquês'. Não se medem razões ou motivações. Cada instante é o que é. Não isto ou aquilo. Apenas é! Deus não se entende nem se explica. Revela-se no coração dos que bebem do verbo aceitar sem um 'se'. E a viagem continua num trilho de perfeição, liberdade e plenitude. Acontece quando nos sentimos, em cada passo ou direcção, um baú sem fundo da verdade incondicional.

AP

1 comentário:

Ricardo disse...

Um dia conheci um senhor que tinha dores no futuro... Sinceramente não sei se é preferível a angústia do passado ou a inquieta antecipação do futuro.

Apesar do silêncio das letras, tenho acompanhado o teu blog, safira verdadeira.:)

Beijo

RSL