terça-feira, 2 de junho de 2009

"O que há em mim é, sobretudo, cansaço..."

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por um suposto alguém.
Essas coisas todas...
Essas e o que faz falta nelas eternamente.
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo.
Cansaço...

Álvaro de Campos

3 comentários:

Anónimo disse...

bem, nada ë para mim....
msg enviada directamente de Gotemburgo!!!! suecia!!!
o meu 34 país! amanha comeca o cruzeiro.... Noroega serä o 35!! :)

espero que estejas bem... e sempre com Alvaro de campos em pensamento!!

ja tenho a tua lembranca!

Ricardo disse...

As sensações nunca são inúteis. E os seres humanos de coração cheio bebem de paixões violentas e amores intensos. No dia em que fores diferente, estás morta e ninguém te avisou!:)

Beijo.

RSL

Anónimo disse...

Serena e com ar irreverente, caminha. Afaga a pequena melena castanha que descai sobre os seus olhos. Castanhos, cintilam, quais olhos verdes ou azuis. Que ela renega. Prefere o castanho fiel e sincero. Quem olhar atentamente repara que é imperfeita. Mas apenas para quem olha a verde e azul. A castanho resplandece, irradia. Mas há castanho e castanho. E tamanho. Dos saltos dos elegantes sapatos, que orgulhosamente exibe, equilibrando-se no meio da calçada, tão branca como preta, contraste que a torna bela. A castanho. Não a verde nem a azul.
Há quem a ame. Não a castanho, talvez a verde ou mesmo a azul.

Mark Webber